Toponimia - detalhe

Dramaturgo,Escritor,Teatro

Rua Gil Vicente

  • Freguesia(s): Alcântara
  • Início do Arruamento: Calçada de Santo Amaro
  • Fim do Arruamento: Calçada da Tapada
  • Data de Deliberação Camarária: 08/07/1892
  • Designação(ões) Anterior(es): Rua nº 9, do Bairro do Casal do Rolão.

A Rua Gil Vicente nasceu na Rua nº 9 do Casal do Rolão em finais do século XIX, com o processo de urbanização desta zona no triângulo formado pela Calçada de Santo Amaro, Calçada da Tapada e Rua Luís de Camões, na freguesia de Alcântara, tendo os topónimos sido atribuídos por deliberação camarária de 8 de julho de 1892 e todos com ligação a figuras da cultura e literatura portuguesas.

O projeto do Casal do Rolão começou a ser delineado pelos engenheiros da Câmara Municipal de Lisboa em 1887, com planta de terrenos expropriados, de pavimento e canalização, incluindo para além da Rua Jau e da Rua do Conselheiro Pedro Franco (hoje e desde 18/11/1910 é a Rua dos Lusíadas), ambas herdadas de uma decisão da Câmara Municipal de Belém de 1885, mais dez novos arruamentos dispostos geometricamente que Norberto de Araújo classificou com «xadrez de ruas desafogadas»: Rua nº 1 – Rua João de Barros, Rua nº 2 – Rua Filinto Elísio, Rua nº 3 – Rua João de Lemos, Rua nº 4 – Rua Soares de Passos, Rua nº 5 – Rua Nicolau Tolentino, Rua nº 6 – Rua Avelar Brotero, Rua nº 7 e Rua nº 8 – Rua do Bocage (hoje e desde 29/02/1988 é a Rua Amadeu de Sousa Cardoso), Rua nº 9 – Rua Gil Vicente e, Rua nº 10 – Rua Sá de Miranda. O Engº Ressano Garcia concluiu a planta final do Novo Bairro no antigo Casal do Rolão com data de 30 de Dezembro de 1891.

O topónimo perpetua o pai do teatro literário português, Gil Vicente (Guimarães?/cerca de 1465 – cerca de 1536/Lisboa) que se estreou em 1502 com o Auto do Vaqueiro, escrito em castelhano, para celebrar a rainha D. Maria I, mulher de D. Manuel I, pelo nascimento do filho que viria a ser D. João III. No total, Gil Vicente escreveu 44 peças, sendo 11 em castelhano, 16 em português e 17 em ambas as línguas, já que muitas das suas obras foram compostas para celebrações da corte. Desta vasta obra destaquem-se o Auto de Sibila Cassandra (1513) que assinala o início do Renascimento em Portugal, A Farsa de Inês Pereira (1523) considerada a primeira comédia regular portuguesa e a trilogia das barcas: Barca do Inferno (1516), Barca do Purgatório (1518) e Barca da Glória (1519).

[PM]

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