A Praça Dr. Francisco Sá Carneiro, situada nas Freguesias de São João de Deus e Alto do Pina, com a legenda «1934 – 1980 (Antiga Praça do Areeiro)», foi um topónimo atribuído por deliberação camarária de 22 de Dezembro de 1980 e Edital municipal de 5 de Abril de 1982, na artéria até aí denominada Praça do Areeiro.
A via pública situada no término da Avenida Almirante Reis, conhecida por Praça do Areeiro, toma a referida denominação por Edital de 17/02/1947.
Depois, após as mortes trágicas em 4 de Dezembro de 1980, de Francisco Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa, que na época eram, respetivamente, o primeiro-ministro e o ministro da defesa, uma proposta dos vereadores da Aliança Democrática foi aprovada por maioria na reunião de Câmara de 22-12-1980, para serem atribuídos os seus nomes a ruas de Lisboa, tendo a Comissão de Toponímia sugerido para o efeito, em 13-01-1981, as duas alamedas interiores do Campo Grande. Todavia, acabou por vingar a designação de local do então Vereador do Pelouro da Cultura, Dr. João Martins Vieira que alterou a antiga Praça do Areeiro para Praça Dr. Francisco Sá Carneiro e o antigo Largo do Caldas para Largo Dr. Adelino Amaro da Costa.
A legenda "Antiga Praça do Areeiro" foi aditada à placa toponímica deste arruamento por parecer da Comissão Municipal de Toponímia em 11/11/ 1994.
Francisco de Sá Carneiro (Porto/19.07.1934 – 04.12.1980/Camarate) foi fundador e o primeiro Secretário Geral do PPD - Partido Popular Democrático.
Em 1979, o já PSD- Partido Social Democrata, por coligação com o CDS e o PPM, formaram a AD- Aliança Democrática que através das eleições legislativas intercalares alcançou o governo do qual Sá Carneiro foi primeiro-ministro até falecer vítima de um controverso acidente de viação.
Formado em Direito pela Universidade de Lisboa, Francisco Sá Carneiro exerceu advocacia no Porto e muitos anos viveu em Lisboa na Rua D. João V, já que de 1969 a 1973 foi deputado independente da chamada ala liberal.
[PM]

“𝙐𝙢𝙖 𝙊𝙪𝙩𝙧𝙖 𝙏𝙤𝙥𝙤𝙣í𝙢𝙞𝙖”
Sá Carneiro no Areeiro
O antigo topónimo “Praça do Areeiro”, atual “Praça Francisco Sá Carneiro”, insere-se no conjunto dos que temos vindo a abordar nesta rubrica, pois, embora desaparecidos, permanecem em uso popular substituindo-se aos que lhes sucederam.
A etimologia de “Areeiro” é o latim “arenariu”, que significa “local onde há areia”. De facto, anterior à praça, situava-se no local a “Quinta do Arieiro” que surge identificada na Cartografia Histórica de 1911 de Júlio Silva Pinto e Alberto de Sá Correia. O topónimo foi oficializado por edital de 17 de fevereiro de 1947, onde se pode ler: “A via pública situada no término da Avenida Almirante Reis, conhecida por Praça do Areeiro, toma a referida denominação de Praça do Areeiro.”
Após o 25 de Abril de 1974, surgiram duas propostas para a sua alteração toponímica. A primeira para “Presidente Salvador Allende”, foi rejeitada pela Comissão Municipal de Toponímia (CMT) por ausência de ligação à cidade. A segunda, para “Humberto Delgado”, foi de igual modo rejeitada pela CMT que considerou que a política não justificava a alteração da toponímia tradicional, propondo, no entanto, outros arruamentos. O General foi homenageado em “Sete Rios”, hoje “Praça Marechal Humberto Delgado”, topónimo que sofre do mesmo síndrome deste, tendo já sido abordado a 9 de fevereiro de 2022 - "O Marechal de Sete Rios".
Francisco de Sá Carneiro, fundador do PPD (Partido Popular Democrático), hoje PSD, e seu primeiro Secretário-Geral, faleceu de forma trágica no decorrer de um voo de Lisboa para o Porto a 4 de dezembro de 1980. Era então Primeiro-Ministro e decorria um período conturbado de eleições presidenciais. Com ele, faleceu o Ministro da Defesa Adelino Amaro da Costa, fundador do CDS (Centro Democrático Social) e seu primeiro Secretário-Geral eleito.
No dia 22 de dezembro de 1980, foi submetida a votação e aprovada por maioria em Sessão de Câmara uma proposta dos vereadores da Aliança Democrática, coligação política dos dois partidos, no sentido de serem homenageados os malogrados políticos na toponímia, em duas avenidas ou praças de Lisboa.
A CMT pronunciou-se sobre a questão na sua reunião de 13 de janeiro de 1981. Foi recusada uma proposta para a homenagem a Sá Carneiro na Rua 12 do Bairro da Calçada dos Mestres, baseando-se a decisão no entendimento que a denominação dos arruamentos inseridos em bairros sociais devia ser analisado em conjunto. De seguida, foi também avaliada e recusada uma proposta de diversos moradores da Rua Dom João V, solicitando que este arruamento, onde vivera o político, passasse a denominar-se Rua Dr. Francisco Sá Carneiro. Prosseguindo a leitura da ata, temos então o seguinte parecer: “Tendo em vista o paralelismo de situações que uniu os dois malogrados políticos em vida e na morte, a Comissão entende que os seus nomes devem ficar perpetuados em arruamentos vizinhos e de idênticas características, sugerindo, para o efeito, as duas alamedas interiores do Campo Grande (…),”. Esta proposta não foi avante.
Finalmente, por edital de 05/04/1982, a “Praça do Areeiro” passou a denominar-se “Praça Francisco Sá Carneiro | 1934-1980”. Na década seguinte, foi aditado à legenda “Antiga Praça do Areeiro”, em resultado do parecer da CMT de 11 de novembro de 1994.
Projeto monumental e grandioso de Duarte Pacheco, marcado pelo risco do arquiteto Cristino da Silva, o local é uma referência em Lisboa e continua a ser comummente identificado como “o Areeiro” pela maioria da população. Bem servido de comércio e serviços, a sua rotunda central, onde convergem cinco arruamentos, é um dos pontos nevrálgicos da distribuição do trânsito citadino. No centro da mesma, foi erigido um monumento construído em homenagem ao político, através de subscrição pública, lançada pelo jornal “O Dia”. Executado pelo Mestre Soares Branco, foi inaugurado a 19 de julho de 1991.
A toponímia Areeiro resiste no “Autoparque Areeiro”, atribuído por edital de 3 de janeiro de 2001.
[AA]