Toponimia - detalhe
Rua Frei Manuel do Cenáculo
- Freguesia(s): Penha de França
- Início do Arruamento: Rua Castelo Branco Saraiva
- Fim do Arruamento: Alto da Eira
- Data de Deliberação Camarária: 06/01/1916
- Data do Edital: 08/01/1916
Há cem anos, o primeiro topónimo atribuído pela Câmara Municipal de Lisboa foi a Rua Frei Manuel do Cenáculo, na Penha de França, através do Edital de 8 de janeiro de 1916.
O homenageado é Manuel de Villas-Boas Anes de Carvalho (Lisboa/01.03.1724- 26.01.1814/Évora), conhecido como Frei Manuel do Cenáculo, que se notabilizou enquanto arcebispo de Évora, pensador iluminista e criador de bibliotecas.
Enquanto jovem frequentou as lições do Padre João Baptista da Congregação do Oratório (1737-1740) e aos 16 anos vestiu o hábito de franciscano da Ordem Terceira. Depois teve também aulas com Frei Joaquim de São José, que lhe deu uma orientação mais moderna e coincidente com uma movimentação intelectual de crítica da Escolástica. Doutorou-se em Teologia na Universidade de Coimbra em 26 de maio de 1749 e foi nomeado lente de Artes do Colégio de São Pedro de Coimbra (1746-1749), vindo depois a reger uma cadeira de teologia (1751 a 1755) na Universidade, instituição onde mais tarde foi também mentor da Junta Reformadora (1772).
Frei Manuel do Cenáculo que chegou a desempenhar as funções de Superior provincial da Ordem Terceira de São Francisco, na sua viagem a Roma de 1750 conheceu bibliotecas que o influenciarão na sua dedicação a esta área, nomeadamente como dinamizador da reconstrução da Real Biblioteca Pública e da Biblioteca Pública de Évora (1775).
Foi uma figura de relevo do iluminismo em Portugal, caracterizando-se o seu pensamento filosófico por matematismo, gosto do real e crítica moderada da escolástica, de acordo com os seus estudiosos Hernâni Cidade e Francisco da Gama Caeiro. Tornou-se uma referência no círculo político e intelectual português que lhe valeram sucessivas nomeações por parte de D. José I e do Marquês de Pombal: Presidente da Real Mesa Censória (1768) e consequentemente, participação na organização do ensino através da sua função neste organismo que lhe permitiu dinamizar a abertura de escolas em zonas rurais, sobretudo no Sul do País, em 1771; Bispo de Beja (1770 a 1795), instituindo um curso de humanidades e de teologia no seu paço episcopal onde também instalou uma biblioteca e um museu e em 1779 mandou escolher alguns rapazes das famílias pobres da zona entre Campo de Ourique e o Algarve para serem instruídos em Beja e depois instruírem aquela localidade da sua diocese de onde provinham, para além de ter fundado a Academia Eclesiástica de Beja (1793); Presidente da Junta de Providência Literária criada para tratar da reforma dos estudos, Preceptor do Príncipe Herdeiro D. José, Príncipe da Beira (todos em 1770); e ainda, Presidente da Junta do Subsídio Literário (1772).
[PM]